R. Bozza

A criança

Sem viva alma nas ruas, noite sombria sem Lua
De calma e de solidão
Naquele silêncio atroz, se ouve do vento a voz
Gemendo na escuridão
A menina na estrada, de barro mal iluminada
Leva um ursinho de pano
Parece frágil falena, com cinco anos apenas
Tem apenas cinco anos

Nas moitas da encruzilhada, três loucos armados de faca
Espreitam a linda criança
Do aço faíscam centelhas, do céu desabam estrelas
Levando toda esperança
Não sei qual dos nove, ali mais brilhava
Se olhos dos loucos, ou os gumes das facas


O ataque, o terror sem fim
De sangue e de carne crua
Um lobo uivava à Lua
Que saiu, pra ver o festim

Do banquete sobrou pouco, retalhos de carne e osso
Não dava pra saber de quem
A Lua desapareceu, a noite ficou igual breu
Na estrada não restou ninguém

Só a criança indefesa, com seu ursinho de pano
Aquela frágil falena, de apenas cinco anos
Seria o bem seria o mal, o que seria ela afinal.//

Música 477, R.Bozza.